Sistemas alimentares são, basicamente, toda a cadeia de etapas que envolve a produção de alimentos. Desde a produção, processamento, transporte, armazenamento, venda, consumo e o descarte final. Contudo, esses sistemas nem sempre funcionam de maneira correta, podendo apresentar a falta de alimentos saudáveis, o excesso de alimentos ultraprocessados, ou até a dificuldade de acesso por uma parcela da população, impactando diretamente a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
Hoje vamos entender um pouco sobre o que são os Sistemas Alimentares Sustentáveis e de que forma esses podem ser fundamentais para contornar essa série de problemas.
O que são Sistemas Alimentares Sustentáveis?
Considerando a amplitude de elementos aos quais estamos nos referindo quando falamos sobre sistemas alimentares, indo desde o uso dos recursos naturais até os consumidores finais, vemos que esses envolvem questões sociais, econômicas e ambientais. O plantio, a colheita, o armazenamento, a distribuição, o consumo e o eventual desperdício de alimentos são componentes da nossa alimentação.
Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) desenvolveu o conceito dos Sistemas Alimentares Sustentáveis. De acordo com o que foi proposto pela FAO, essa modalidade de produção agrícola sustentável é responsável pela organização de sistemas capazes de fornecer segurança alimentar para todos, ao mesmo tempo em que não comprometem as bases econômicas, sociais e ambientais da Segurança Alimentar e Nutricional das gerações que ainda estão por vir.
A implementação de Sistemas Alimentares Sustentáveis deve levar em consideração os três pilares da sustentabilidade: social, ambiental e econômico. Sendo assim, a FAO organizou os elementos que compõem esses sistemas em uma disposição circular, demonstrando como todos estão interligados e dispostos em torno do objetivo principal, a redução da pobreza e a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) das populações.
Os benefícios dos Sistemas Alimentares Sustentáveis:
Enquanto dados recentes da FAO indicam que mais de 280 milhões de pessoas enfrentaram uma Insegurança Alimentar aguda no ano de 2023, o que corresponde a mais de uma a cada cinco pessoas em 59 países, mais de 2 bilhões encontram-se com sobrepeso. Um resultado tanto da dificuldade de acesso à alimentação saudável, quanto de dietas desequilibradas.
Sendo assim, dentre os benefícios dos Sistemas Alimentares Sustentáveis, está a possibilidade da promoção de dietas mais saudáveis, que reduzam o consumo de ultraprocessados e que melhorem o acesso a alimentos mais nutritivos para as camadas mais pobres das populações. Interligado a isso, a valorização da agricultura familiar é fundamental uma vez que é capaz de criar cadeias de alimentos mais resilientes. Alimentos produzidos localmente podem ser distribuídos de forma mais eficiente, o que reduz os riscos de insegurança alimentar, além de contribuir para a economia, gerando empregos e reduzindo desigualdades.
Além disso, a agricultura familiar também está presente na condução de sistemas agrícolas sustentáveis, uma vez que não fazem uso de insumos químicos como agrotóxicos, e produzem alimentos de forma que respeitam os limites da terra, trabalhando com policultivo e fazendo uso de técnicas sustentáveis.