O último Censo Agropecuário, realizado no ano de 2017, apontou que das mais de 5 milhões de propriedades rurais brasileiras, 77% dessas foram classificadas como sendo de agricultura familiar. Além disso, a agricultura familiar representa a base econômica de 90% dos municípios brasileiros (com até 20 mil habitantes), sendo a principal fonte de renda de 40% da população economicamente ativa do país. Mas, para além de ser responsável por colocar alimento nas mesas das famílias, a agricultura familiar é sinônimo de sustentabilidade.
Agricultura Familiar e Agroecologia
Trabalhando com técnicas de manejo sustentáveis dos recursos naturais, a agricultura familiar partilha dos princípios da Agroecologia. Rejeitando o uso de agrotóxicos, respeitando a biodiversidade e indo contra a ideia de monocultura, muito forte na agricultura tradicional, os produtores familiares produzem alimentos saudáveis e diversos. Sendo assim, é fato que a agricultura familiar é o oitavo maior produtor de alimentos em todo o mundo. Só no Brasil, 70% dos alimentos que chegam na mesa dos brasileiros tem origem na agricultura familiar.
Além de abastecer o mercado interno de alimentos do país, a agricultura familiar gera renda, empregos, promove a diversificação de culturas, atua diretamente na dinâmica da economia local e na valorização da cultura alimentar local. Programas governamentais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), são ferramentas importantes na comercialização de alimentos produzidos pela agricultura familiar, destinando essas produções tanto para populações em situação de insegurança alimentar, quanto para alimentação escolar, respectivamente.
Os princípios da sustentabilidade na agricultura familiar
Considerando que a sustentabilidade baseia-se em princípios de ordem econômica, social, ambiental e política, a agricultura familiar é um exemplo perfeito de ferramenta de desenvolvimento sustentável.
Quando falamos do âmbito econômico, os produtores familiares atuam na introdução de técnicas de produção e na reformulação de relações de produção, incentivando novas combinações nas produções familiares. Para além disso, o pilar econômico se conecta diretamente com o viés social da sustentabilidade. A valorização do trabalho feminino, como também dos jovens, dos indígenas, dos quilombolas e das comunidades tradicionais é fundamental para atingirmos a equidade, parte importante da construção de um futuro sustentável.
Em relação à questão ambiental, a agricultura familiar se apresenta como uma forte aliada uma vez que é uma forma de produção agrícola que preza pela conservação do solo, dos recursos hídricos e de toda a biodiversidade. Já no âmbito político, as discussões trazidas pelos produtores familiares sobre distribuição de terras, alimentos de qualidade, entre outras, são fundamentais para a elaboração de políticas públicas justas e coerentes com as necessidades da população. Sendo assim, podemos ver como a agricultura familiar é sinônimo de sustentabilidade.